Em um cenário global onde a guerra às drogas frequentemente é desculpa e subterfúgio para intervenções militares, as ações dos Estados Unidos no Caribe e a recente megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, revelam um perturbador paralelo. Ambas as situações, embora distintas em escala e geografia, operam sob uma lógica que normaliza a morte como ferramenta de política, substituindo processos legais por execuções sumárias. O que o filósofo camaronês Achille Mbembe certamente nomearia de “necropolítica”. @SecWar Enquanto forças estadunidenses justificam ofensivas no Caribe sob a alegação de combate ao narcoterrorismo, no Rio de Janeiro, uma operação de proporções históricas resultou em 64 mortos e 81 presos. O discurso oficial classifica os atingidos como “narcoterroristas”, uma terminologia que desumaniza e, portanto, facilita a aceitação social de um resultado letal. Cada vida tirada sem o direito a um julgamento justo representa uma falência do Estado De...