O paradoxo da tolerância


Hoje se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos, data que marca a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, com o objetivo de estabelecer direitos fundamentais, como vida, liberdade, dignidade, igualdade e não discriminação para todos os seres humanos.

Paradoxalmente, a mesma ONU, ainda em 1948, propôs uma suposta solução de consenso entre os grupos judaicos sionistas e a Inglaterra, que abriria mão de seu mandato na Palestina. Os já colonizados não só não foram consultados, como tiveram seus protestos ignorados.

Para entender melhor, é bom lembrar que, em 1942, quando circularam notícias dos campos de extermínio na Europa, grupos judeus passaram a enfrentar tanto palestinos quanto britânicos, e a principal organização militar sionista clandestina na Palestina entre 1920 e 1948, a Haganah, passou a trabalhar pelo fim do mandato britânico na Palestina e criou um serviço de imigração ilegal para Israel.

Ou seja, o horror do holocausto judeu promovido pelo nazismo teve como efeito colateral o fortalecimento da colonização da Palestina. Em abril de 1947, um Comitê Especial das Nações Unidas propôs a partilha da Palestina em um Estado judeu e um Estado árabe-palestino.

Em 1948, quando o Estado de Israel foi implantado, ocorreu uma guerra dos recém-chegados contra os palestinos que estavam sendo deslocados, e os sionistas conquistaram 78% do território palestino (22% a mais do que previa o plano de partilha da ONU para alojar a população nativa).

Então, para garantir a sobrevivência de judeus europeus e asiáticos que estavam fugindo da violência, a ONU (desrespeitando princípios da própria Declaração de Direitos Humanos) promoveu a expulsão de povos nativos e a colonização dos remanescentes.

De lá para cá, a ajuda internacional e o apoio da ONU, em nome dos Direitos Humanos, fez com que o Estado de Israel se tornasse próspero. Mas isso acontece às custas da exploração e apagamento da cultura milenar palestina.

Vários conflitos armados aconteceram entre colonos e colonizados. Povos árabes se uniram algumas vezes aos palestinos que tentavam reconquistar suas terras, mas sem sucesso e, principalmente, após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel estabeleceu seu poderio bélico sobre a Palestina e passou a regrar todo o território palestino.

Além dos muros gigantescos, das áreas e estradas exclusivas para israelenses e das leis segregacionistas, o Estado sionista implantou (e ainda implanta) colônias em ruas, bairros, fazendas e cidades palestinas exclusivas para judeus no território palestino. É, no mundo, o país que mais mata crianças. É a nação que mais assassina jornalistas e também médicos e socorristas.

Outro detalhe importante na ação da ONU em 1948 é que ficou-se estipulado que, com o fim do mandato britânico na Palestina, o território seria dividido e dois estados seriam reconhecidos: Israel e Palestina. Os Estados Unidos e a União Soviética, as potências do pós-guerra, reconheceram rapidamente o novo Estado; no entanto, apesar de reconhecido pela maioria dos países do mundo, até hoje a Palestina não tem seu status nem autonomia de país.

A tolerância da ONU e da comunidade internacional permitiu que se criasse um Estado teocrático, belissista, fascista e supremacista, que sistematicamente promove um apartheid em sua própria sociedade e é, hoje, um dos maiores agressores dos Direitos Humanos e das leis internacionais: Israel.

O genocídio praticado pelos sionistas contra os palestinos e os ataques ilegais a, pelo menos, seis outro países levam os sionistas para cada vez mais perto dos nazistas e cada vez mais longe da Declaração dos Direitos Humanos. O Estado de Israel é, em si, o paradoxo da tolerância.

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