Quatro meses de massacre em Gaza

foto: Oliver Weiken


Os ataques a Gaza, na Palestina, completaram quatro meses no último dia 7. Desde outubro de 2023, as forças de ocupação de Israel promovem ataques diários e as principais vítimas das explosões, tiros de snipers e escassez de comida e água potável são crianças e mulheres, que representam mais da metade dos mortos.

Os bombardeios, ora feitos por drones, ora por tanques, miram desde instalações públicas, como hospitais, universidades e igrejas, até prédios residenciais. Tanto que 84% das instalações de saúde na Faixa de Gaza estão sitiadas, segundo a Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).

Já são quase 28 mil mortos, mais de 67 mil feridos e ainda outros cerca de oito mil desaparecidos. Estima-se que 60% da infraestrutura civil de Gaza foi destruída, deixando dois milhões de desabrigados.

A população do norte de Gaza foi expulsa e repelida pelo exército de Israel à parte sul da Faixa. Um deslocamento forçado de mais de um milhão de pessoas que, ao chegarem lá, além de não encontrarem
abrigo ou suporte, viram toda a estrutura de apoio ser bombardeada.

O sul estava sendo atacado e a nova informação que chegava, via bilhetes que caiam do céu, largados de aeronaves sionistas, era que ninguém poderia ficar também por ali. O resultado são os milhões de palestinos vivendo em barracas de lona, sem energia elétrica e sem qualquer infraestrutura mínima.

As escolas, prédios públicos e hospitais do sul de Gaza foram sistematicamente destruídos, algumas vezes quando ainda estavam lotados de civis e a despeito do frio que beira o zero grau centígrado.

Segundo a ONU, cerca de 2,2 milhões de pessoas enfrentam ameaça de fome generalizada devido ao cerco e aos bombardeios de Israel. Estima-se que 378 mil pessoas vivem uma situação de fome “catastrófica”, enquanto 939 mil enfrentam a insegurança alimentar em níveis de “emergência”.

Nas áreas tomadas pelas tropas israelenses estão sendo instalados checkpoints dividindo o território em guetos onde qualquer palestino, independentemente da idade ou gênero, é considerado uma ameaça e é abatido a tiros ou lançado aos cães militares.

E os ataques não ficam apenas dentro dos altos muros que cercam a cidade e separam do resto do mundo os palestinos que têm (ou tinham) acesso ao mar. Sequestros, roubos, tortura e assassinatos têm sido registrados quase diariamente também nas demais cidades da Cisjordânia.
 
O desrespeito às leis internacionais, lei de guerra e aos direitos humanos é cotidiano e fartamente registrado por celulares e câmeras, que ganham as redes sociais de cidadãos e jornalistas, que também são alvo comum. A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), por exemplo, fala na erradicação do  jornalismo na Faixa de Gaza.

Dados do Sindicato dos Jornalistas Palestinos (SJP) apontam que 50 escritórios da imprensa internacional no território foram “total ou parcialmente” destruídos por Israel desde 7 de outubro. O número de assassinatos na categoria chegou a 124.

Médicos, ambulâncias, jornalistas, crianças, enfermos. Não há ninguém seguro na Palestina. O estado sionista não respeita sequer os observadores das Nações Unidas. Pelo menos 152 funcionários da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina foram mortos em Gaza desde o início desse massacre.

Um genocídio transmitido em tempo real pela internet, validado por órgãos internacionais, condenado pela ONU e assistido, quase em silêncio, pelo mundo todo. Até quando?
 
Artigo originalmente publicado em 13 de fevereiro de 2024 no jornal A União.
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