O professor paraibano Maurício Melo viajou à Palestina com um grupo de brasileiros e conheceu de perto a realidade do povo que sofre no conflito travado por Israel. Conheceu também o sociólogo Baha Hilo, que em meio ao conflito, trabalha como guia turístico. Da viagem e do encontro surgiu a ideia de trazer o sociólogo ao Brasil para falar sobre o conflito e os efeitos no povo palestino. Para concretizar a vinda, o grupo, batizado de pequena família palestina, iniciou uma campanha de financiamento coletivo.
O objetivo da campanha é levantar uma quantia de até R$ 11 mil, mas com uma meta mínima de R$ 7 mil, que serviria para custear a vinda de Baha Hilo da Jordânia para o Brasil. Na programação da vinda estão previstas palestras em João Pessoa, Recife, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
Para Maurício Melo, a oportunidade de trazer o sociólogo e cientista político palestino é importante para que os brasileiros entendam, a partir dos relatos de uma testemunha do conflito, as graves violações ao Direitos Humanos cometidas por agentes do Estado israelense.
“A ideia principal é de quebrar a invisibilidade que há sobre as questões que envolvem a palestina. Promover eventos em que a história palestina seja contada. Dar voz a representantes desse povo que tem sido caçado e aniquilado sistematicamente há anos pelas forças de ocupação do Estado de Israel. Crimes que, apesar de serem condenados e denunciados pela ONU [Organização das Nações Unidas], continuam a ser praticados”, comenta o professor do curso de jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Atualmente, Baha tem o projeto To Be There (tobe-there.com / @tobeinpalestine), onde trabalha guiando tours na Palestina, que vão desde programações mais densas e políticas na região de Belém até a participação na colheita das azeitonas (em outubro), passando pelo Natal na Igreja da Natividade.
A ideia do grupo era fazer com que o sociólogo palestino visitasse todas as capitais do Brasil, mas Maurício Melo explica que não há como bancar o custo da logística. Ele destaca que o projeto para trazer Baha Hilo não tem qualquer fim lucrativo e que o financiamento coletivo foi a saída para que o grupo não arcasse pessoalmente com a vinda dele ao Brasil.
“Por nós, Baha visitaria todas as capitais. Mas como é um projeto que depende de colaboração e doações, não temos como bancar isso. Escolhemos as cidades onde teríamos algum tipo de logística para recebê-lo e organizar suas palestras sem abandonar nossos próprios afazeres do dia a dia”, comenta o professor universitário.
As cotas para colaborar com o projeto começam em R$ 10 e chegam até R$ 300 ou mais. A data final para alcançar a meta é novembro de 2019. Com apenas seis dias de aberta, a “vaquinha” virtual já contava com 25 apoiadores e a quantia acumulada de R$ 3.240.
Primeira vez no Brasil
Baha já saiu da Palestina outras vezes, mas nunca veio ao Brasil. Esteve na Europa e nos EUA, onde participou de projetos internacionais e está ativamente ligado a projetos palestinos que lutam contra o apagamento étnico. Maurício Melo relata que, no entanto, Baha Hilo sofre com a perseguição política por parte de Israel.
“O que ele é proibido pelo Estado de Israel de fazer é, por exemplo, ir à cidade sagrada de Jerusalém. Os israelenses definiram vários tipos de cidadania para os palestinos para regular que território eles podem visitar ou não. Onde podem viver ou não. Onde podem estudar e trabalhar, ou não. É um apartheid imposto pelo estado sionista”, avalia.
O professor da UFPB relata que o povo palestino vive sitiado em seu próprio país. As fronteiras, recursos naturais, forças de repressão e mesmo de administração urbana são reguladas pelo Estado de Israel. Muros de até 13 metros são erguidos entre cidades palestinas e a travessia é controlada pelas forças de ocupação israelenses.
“Colônias israelenses têm sido construídas dentro do território palestino, muitas vezes dentro das cidades da Palestina, como vi em Belém. Em cada uma dessas colônias, surge um perímetro militar que proíbe os palestinos de circular. Os presídios estão cheios de palestinos que foram presos por jogar pedras nos muros que hoje dividem suas cidades. Muitos deles crianças de 12 ou até 10 anos de idade! Presas e levadas para presídios de Israel, onde seus pais sequer têm autorização de ir para se informar sobre seus filhos”, descreve.
O professor da UFPB relata ainda que a viagem do grupo à Palestina no início do ano deu acesso a muitas informações e realidades. Maurício Melo conta que conheceu muita gente que passou e passa por humilhações e violências por conta do apartheid imposto pelo Estado de Israel.
“Vimos e ouvimos coisas que só acreditamos por estarmos lá. Se eu, em dez dias que fiquei por lá já tenho um livro de histórias para contar, imagine o que o cientista político Baha Hilo não tem para nos dizer?”, questiona o professor.
O texto original publicado em 08/09/2019 pelo G1 pode ser acessado aqui.
Para Maurício Melo, a oportunidade de trazer o sociólogo e cientista político palestino é importante para que os brasileiros entendam, a partir dos relatos de uma testemunha do conflito, as graves violações ao Direitos Humanos cometidas por agentes do Estado israelense.
“A ideia principal é de quebrar a invisibilidade que há sobre as questões que envolvem a palestina. Promover eventos em que a história palestina seja contada. Dar voz a representantes desse povo que tem sido caçado e aniquilado sistematicamente há anos pelas forças de ocupação do Estado de Israel. Crimes que, apesar de serem condenados e denunciados pela ONU [Organização das Nações Unidas], continuam a ser praticados”, comenta o professor do curso de jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Atualmente, Baha tem o projeto To Be There (tobe-there.com / @tobeinpalestine), onde trabalha guiando tours na Palestina, que vão desde programações mais densas e políticas na região de Belém até a participação na colheita das azeitonas (em outubro), passando pelo Natal na Igreja da Natividade.
A ideia do grupo era fazer com que o sociólogo palestino visitasse todas as capitais do Brasil, mas Maurício Melo explica que não há como bancar o custo da logística. Ele destaca que o projeto para trazer Baha Hilo não tem qualquer fim lucrativo e que o financiamento coletivo foi a saída para que o grupo não arcasse pessoalmente com a vinda dele ao Brasil.
“Por nós, Baha visitaria todas as capitais. Mas como é um projeto que depende de colaboração e doações, não temos como bancar isso. Escolhemos as cidades onde teríamos algum tipo de logística para recebê-lo e organizar suas palestras sem abandonar nossos próprios afazeres do dia a dia”, comenta o professor universitário.
As cotas para colaborar com o projeto começam em R$ 10 e chegam até R$ 300 ou mais. A data final para alcançar a meta é novembro de 2019. Com apenas seis dias de aberta, a “vaquinha” virtual já contava com 25 apoiadores e a quantia acumulada de R$ 3.240.
Primeira vez no Brasil
Baha já saiu da Palestina outras vezes, mas nunca veio ao Brasil. Esteve na Europa e nos EUA, onde participou de projetos internacionais e está ativamente ligado a projetos palestinos que lutam contra o apagamento étnico. Maurício Melo relata que, no entanto, Baha Hilo sofre com a perseguição política por parte de Israel.
“O que ele é proibido pelo Estado de Israel de fazer é, por exemplo, ir à cidade sagrada de Jerusalém. Os israelenses definiram vários tipos de cidadania para os palestinos para regular que território eles podem visitar ou não. Onde podem viver ou não. Onde podem estudar e trabalhar, ou não. É um apartheid imposto pelo estado sionista”, avalia.
O professor da UFPB relata que o povo palestino vive sitiado em seu próprio país. As fronteiras, recursos naturais, forças de repressão e mesmo de administração urbana são reguladas pelo Estado de Israel. Muros de até 13 metros são erguidos entre cidades palestinas e a travessia é controlada pelas forças de ocupação israelenses.
“Colônias israelenses têm sido construídas dentro do território palestino, muitas vezes dentro das cidades da Palestina, como vi em Belém. Em cada uma dessas colônias, surge um perímetro militar que proíbe os palestinos de circular. Os presídios estão cheios de palestinos que foram presos por jogar pedras nos muros que hoje dividem suas cidades. Muitos deles crianças de 12 ou até 10 anos de idade! Presas e levadas para presídios de Israel, onde seus pais sequer têm autorização de ir para se informar sobre seus filhos”, descreve.
O professor da UFPB relata ainda que a viagem do grupo à Palestina no início do ano deu acesso a muitas informações e realidades. Maurício Melo conta que conheceu muita gente que passou e passa por humilhações e violências por conta do apartheid imposto pelo Estado de Israel.
“Vimos e ouvimos coisas que só acreditamos por estarmos lá. Se eu, em dez dias que fiquei por lá já tenho um livro de histórias para contar, imagine o que o cientista político Baha Hilo não tem para nos dizer?”, questiona o professor.
O texto original publicado em 08/09/2019 pelo G1 pode ser acessado aqui.
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