O Coletivo rachado

Elza Fiúza/ABr
Chegou a hora de o coletivo se individualizar. O governador Ricardo Coutinho (PSB) formou, há tempos, um núcleo duro de apoio a tudo que fizesse. Esse grupo vem se fortalecendo e criando massa desde o tempo em que Ricardo panfletava para se eleger vereador na capital.

Pois bem. Esse núcleo, formado por Nonato Bandeira, Roseana Meira, Edvaldo Rosas e Estelizabel, entre outros, cresceu tanto em poder que, cada um de seus membros resolveu (ou precisou) ter seu próprio grupo de confiança. Assim, se formaram as castas no coletivo de Ricardo.

E diferente do que acontece em outros partidos, como PSDB ou PMDB, onde existem divisões, mas um lado é tão dominante que as disputas internas não afetam o andamento do todo, o PSB tem grupos ainda equilibrados e mal gerenciados pelo grande líder, o governador.

Ricardo parece gostar de ver seus liderados arengando, brigando por mais espaço, lutando por mais poder. E o resultado disso é o óbvio: lutas internas que enfraquecem todo o coletivo. E no momento em que Luciano Agra, representante importante da casta de Roseana Meira, não aguentou mais a pressão e desistiu de concorrer à reeleição, todos os grupos se alvoroçaram e agora querem seu lugar ao sol.

A saída prematura de Agra do pário, sim, prematura, pois dificilmente ele chegaria à eleição como candidato tendo em vista que ele passou a ser o aglutinador de todos os problemas da administração que ele pegou já no  sexto ano de mandado, mudou todos os planos.

De onde eu olho, vejo que Roseana apostava na reeleição de Agra, mesmo não sendo a vontade do governador. Vejo que Nonato adoraria assumir o lugar de candidato no último dia de inscrição e já sem correr o risco de ser culpado por nada que Ricardo ou Agra tenham feito.

Vejo que Estelizabel vem construindo uma carreira política mais lentamente, mas mais consistentemente e que não vê este como o momento certo para entrar na disputa pela Prefeitura. Vejo Edvaldo Rosas torcendo para que seus anos de defesa cega de Ricardo lhe valham, ao menos uma chapa de vice.

Mas aí, Agra desistiu. Tudo mudou. Ninguém mais sabe ao certo o que fazer. Roseana corre o risco de ter sua casta toda posta fora do poder. Se Nonato entra na disputa agora, se arrisca a ser desafiado e atacado pelos ciceristas e maranhistas de plantão. Estelizabel será empurrada para se candidatar à prefeitura, ou pior, à vice, atropelando seus planos. E Edvaldo Rosas... bem, ele vai ter que esperar mais um pouco.

E para quem acha que isso é tudo, saiba que com seu grupo enfraquecido, Ricardo tem tudo para perder o apoio de Cássio Cunha Lima (PSDB), que, para não ficar em "chapa derrotada" deve voltar seus créditos à candidatura de Cícero Lucena (PSDB) e sua sempre solícita confraria.

Foto de Elza Fiúza/ABr

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