Afinal, de quem é a culpa?

Somente depois de uma pessoa perder a vida (veja vídeo de homem sendo assassinado na saída do Manaíra Shopping, em João Pessoa) é que a discussão sobre segurança começa a tomar o corpo que deveria. O absurdo que somos obrigados a viver e a ouvir todos os dias das autoridades nos faz certas ponderações.

Há alguns meses, depois de vários assaltos cometidos no bairro, um ladrão foi espancado e morto ao invadir uma casa em Manaíra. O medo falou mais alto e a agressividade aumentada pelo álcool gerou a morte do filho de alguém. 

A cerca de um mês uma nova onda de assaltos aconteceu no bairro, desta vez na porta do maior shopping da cidade. Várias pessoas relataram o fato e reclamaram da falta de segurança em Manaíra. O capitão Lábis, da Polícia Militar, na época disse que o problema ali era social e que a Polícia não tinha o que fazer.

Não há dúvidas de que o problema social e a diferença de poder aquisitivo existente entre Manaíra e o bairro São José é que agrava a situação, mas cabe a PM o dever de, ostensivamente, cuidar da segurança. Ou não? E outra. O crime aconteceu no meio da rua, não dentro do estabelecimento.

Hoje, Lábis lançou uma nova pérola: ele disse não ser "vigia de shopping". Mas aí eu pergunto, meu caro capitão. Pessoas armadas, disparando contra carros no meio da rua durante vários minutos não é de responsabilidade ou "interesse" da polícia? Quer dizer que se fosse na porta da minha casa eu mesmo teria que tomar providências?

Se não estou enganado, os seguranças do shopping nem poderia entrar em confronto com os ladrões do lado de fora dos portões, justamente por esta ser uma prerrogativa exclusiva da Polícia. Não importa se o lugar tem segurança própria, a segurança pública tem que intervir se for acionada!

Além disso, convido o leitor a verificar comigo esta situação. Se há um evento, quer seja musical ou apenas um sábado de comércio quente, e este evento vai acontecer num local de segurança crítica, será que não caberia uma dose extra de cuidados? Claro, alguém vai dizer que a polícia não pode ficar a serviço do shopping, mas eu pergunto: e das milhares de pessoas que o frequentam?

É preciso considerar também as responsabilidades do dono do shopping, que deve primar pela segurança de seus clientes. Deve primar, mas a obrigação é mesmo do estado. No entanto, esta situação expõe também o despreparo das empresas particulares de segurança, que, via de regra, preparam muito mal seus agentes.

Eu poderia citar algumas situações em que o mal preparo de agentes resultou em pessoas feridas e até mortas, mas vou recorrer a um fato que aconteceu recentemente e que envolveu diretamente a reportagem do Paraíba1. Foi quando o repórter Cadu Vieira cobria um tumulto no shopping Tambía e foi abordado e coagido a apagar as fotos que tinha feito há poucos instantes justamente de agentes desrespeitando clientes.

Mesmo usando o crachá de imprensa e explicando a situação, o repórter teve que obedecer às ordens dos ignorantes e mal preparados seguranças da empresa Naja. Uma queixa foi prestada na 2ª Delegacia Distrital apenas para registro e posterior providência.

Enfim, que quem poderia nos ajudar, não sabe e quem deveria não quer. Só nos resta a barbárie. E foi isso, com outras palavras, que acabou sugerindo o capitão da PM. Para ele, é cada um por si, já que não há viaturas suficientes. Mas eu digo que não. Digo que o problema é estratégico. E não me venham dizer que a culpa é da vítima.

Comentários

  1. Se a polícia civil também se desse ao trabalho de fazer alguma coisa, já teria instalado câmeras de segurança pra descobrir quem são os meliantes (que são sempre os mesmos) que estão praticando esses atos.

    Por enquanto, a melhor solução seria simplesmente fechar aquela saída do shopping e pronto, ao menos eles teriam mais trabalho pra assaltar e depois fugir.

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