Ah, como é bom ter amigos

Mesmo sem cumprir os percentuais mínimos de aplicação de recursos na Educação e Saúde, o governador Cássio (PSDB) teve suas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) por 3 votos a 2, na tarde da quinta-feira (14), em João Pessoa, Paraíba. Foi julgada a prestação de contas de gestão do governador em 2007.

Seria de se estranhar esta notícia, caso não fossem públicas as relações familiares e de proximidade "ideológica" entre o menino e os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. Aliás, já tive o desprazer de ouvir, mais de uma vez, de jornalistas nacionais a piada: "na Paraíba quem julga as contas é o tio do governador, né?"

Bem, o tio de Cássio, o conselheiro Fernando Catão, não participou do julgamento porque averbou-se suspeito. Claro que ele deixou para fazer isso no dia e hora do julgamento, assim ninguém o poderia substituir. Um a menos para julgar de fato as contas.

Os três que votaram pela aprovação das contas foram o conselheiros Nominando Diniz, Flávio Sátyro e Fábio Nogueira. O primeiro foi coordenador da campanha de Cássio em 2002 e nomeado pelo atual governador para o cargo de conselheiro do TCE.

Além disso, teve a felicidade de ter a prima Flora Diniz (PSDB), quinta suplente de deputado, assumindo o lugar de Agnaldo Ribeiro (PP) na Assembléia Legislativa há dois dias. Aguinaldo "teve" que abrir a vaga para a prima do conselheiro para assumir semana passada a Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia, aceitando convocação do governador.

O conselheiro Fábio Nogueira, conhecido popularmente por ser o clone do menino em Campina Grande, é ex-deputado do PSDB, era vice-líder do governo Cássio na Assembléia Legislativa e foi nomeado para o TCE, em 2006.

Flávio Sátyro, tem um filho, Flávio Sátyro Fernandes Filho, que ocupa a presidência da Fundação Casa de José Américo, órgão do Estado que tem seu presidente indicado pelo Governador. Ah, inclusive o Flávio Filho estava lá ontem, na platéia do TCE.

Quem votou contra a aprovação das contas foram Marcus Ubiratan e José Mariz, o relator, que acompanhou pareceres da auditoria e da representante do Ministério Público junto ao TCE, Ana Tereza Nóbrega, que recomendou a desaprovação das contas porque o Governo do Estado aplicou em saúde apenas 10,49% de sua receita líquida ao invés dos 12,5% exigidos pela Constituição.

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