A respeito da transposição do São Francisco, por ser polêmica e por abranger complicadas técnicas e estratégias de cobertura, sempre procurei não me meter muito. Mas esta semana recebi um artigo de alguém que considero conhecedor do assunto e que acredito ter know How para opinar. Não por ser meu pai, mas por ter ser professor aposentado de economia e ter tido, durante décadas, como objeto de estudo a agricultura e o homem do campo no Nordeste e já ter sido, inclusive, consultor do Incra na Paraíba. Segue abaixo o artigo de João Otávio:
Sobre a transposição do São Francisco. É a polêmica mais poluída que já vi nos últimos anos. Poluída porque os dois lados do embate fazem uma defesa tão apaixonada que se tornaram imunes aos argumentos dos oponentes. Não levam em consideração a mais ínfima parcela de verdade que os outros possam apresentar. E os dois lados no mínimo distorcem fatos e omitem outros tantos que seriam de interesse publico para a elucidação do problema.
Os são contra a transposição rejeitam a verdade que a transposição pode vir a criar condições de estabelecimento de novos perímetros irrigados que, como em Juazeiro, servem para dinamizar a economia da região em que se instalam. Isso mesmo que seja criticável o fato de que quem se apropria da riqueza criada nos perímetros seja uma pequena minoria de irrigantes, normalmente empresas agropecuária. Mas o
fato é que a região se beneficia de uma dinâmica econômica antes inexistente.E a organização do perímetro não necessariamente tem que repetir os defeitos dos ja existentes.
Os que são favoráveis à transposição torcem a verdade ao dizer que junto com ela virá a revitalização do São Francisco. Isso não passa de uma vontade. Não há nada de concreto, que se saiba neste sentido. Depois, afirmam ainda que serão beneficiados 12 milhões de nordestinos. Falta a eles mostrar onde estão esses 12 milhões. Somente alguns rios serão perenizados. Não se conhece nenhum plano para a distribuição da água desses rios perenizados para outros rios de forma a atingir e abastecer o restante
da população que não está a margem dos rios perenizados.
No caso da Paraíba, montado o sistema de distribuição d'agua ela nem teria que vir do São Francisco, poderia vir das barragens de Mãe D'agua-Coremas. Assim, água para abastecimento humano dos sertanejos parece ser nada mais que uma quimera, plantada pelos defensores da transposição.
O uso produtivo da água na agricultura permanece impossível, pelo mesmo motivo acima descrito. Não há sistema de distribuição que a leve até os produtores. Salvo nos poucos perímetros irrigados a serem construídos cuja localização ainda não é conhecida.
Os perímetros irrigados a serem montados, como já expusemos, nascem já com o pecado original de pouco beneficiar a população trabalhadora. Se para provar isso não fosse o bastante observar o que acontece nos antigos perímetros de Juazeiro, é bom analisar como o Governo da Paraíba vem planejando e criando perímetro irrigado das várzeas de Souza. Lá também, mais uma vez agricultores ficarão de fora.
Na Paraíba, tudo indica que só ficaremos com essa área irrigada, a Várzea de Souza. Não por acaso é de Souza mesmo que vem o núcleo duro do grupo defensor da transposição. Certamente não será um acaso se entre os defensores encontrarmos alguns dos grandes proprietários de terras da região, terras essas que certamente se valorizarão muito com a transposição.
Assim os mais ardorosos defensores curiosamente terão grandes benefícios privados embora estejam unicamente pensando no beneficio dos 12 milhões de sertanejos sem água. Muito conveniente para eles defender uma grande causa de justiça que ao mesmo tempo lhes proporciona vultosos lucros privados. Quando todos os interesses estiverem expostos publicamente e o debate se der com um mínimo de racionalidade ai ficara mais fácil para a população achar o certo e optar pelo que melhor lhe convier.
Até que isso ocorra não teremos senão uma batalha de marionetes, onde as mãos que controlam os bonecos e seus respectivos interesses permanecerão na penumbra.
Sobre a transposição do São Francisco. É a polêmica mais poluída que já vi nos últimos anos. Poluída porque os dois lados do embate fazem uma defesa tão apaixonada que se tornaram imunes aos argumentos dos oponentes. Não levam em consideração a mais ínfima parcela de verdade que os outros possam apresentar. E os dois lados no mínimo distorcem fatos e omitem outros tantos que seriam de interesse publico para a elucidação do problema.
Os são contra a transposição rejeitam a verdade que a transposição pode vir a criar condições de estabelecimento de novos perímetros irrigados que, como em Juazeiro, servem para dinamizar a economia da região em que se instalam. Isso mesmo que seja criticável o fato de que quem se apropria da riqueza criada nos perímetros seja uma pequena minoria de irrigantes, normalmente empresas agropecuária. Mas o
fato é que a região se beneficia de uma dinâmica econômica antes inexistente.E a organização do perímetro não necessariamente tem que repetir os defeitos dos ja existentes.
Os que são favoráveis à transposição torcem a verdade ao dizer que junto com ela virá a revitalização do São Francisco. Isso não passa de uma vontade. Não há nada de concreto, que se saiba neste sentido. Depois, afirmam ainda que serão beneficiados 12 milhões de nordestinos. Falta a eles mostrar onde estão esses 12 milhões. Somente alguns rios serão perenizados. Não se conhece nenhum plano para a distribuição da água desses rios perenizados para outros rios de forma a atingir e abastecer o restante
da população que não está a margem dos rios perenizados.
No caso da Paraíba, montado o sistema de distribuição d'agua ela nem teria que vir do São Francisco, poderia vir das barragens de Mãe D'agua-Coremas. Assim, água para abastecimento humano dos sertanejos parece ser nada mais que uma quimera, plantada pelos defensores da transposição.
O uso produtivo da água na agricultura permanece impossível, pelo mesmo motivo acima descrito. Não há sistema de distribuição que a leve até os produtores. Salvo nos poucos perímetros irrigados a serem construídos cuja localização ainda não é conhecida.
Os perímetros irrigados a serem montados, como já expusemos, nascem já com o pecado original de pouco beneficiar a população trabalhadora. Se para provar isso não fosse o bastante observar o que acontece nos antigos perímetros de Juazeiro, é bom analisar como o Governo da Paraíba vem planejando e criando perímetro irrigado das várzeas de Souza. Lá também, mais uma vez agricultores ficarão de fora.
Na Paraíba, tudo indica que só ficaremos com essa área irrigada, a Várzea de Souza. Não por acaso é de Souza mesmo que vem o núcleo duro do grupo defensor da transposição. Certamente não será um acaso se entre os defensores encontrarmos alguns dos grandes proprietários de terras da região, terras essas que certamente se valorizarão muito com a transposição.
Assim os mais ardorosos defensores curiosamente terão grandes benefícios privados embora estejam unicamente pensando no beneficio dos 12 milhões de sertanejos sem água. Muito conveniente para eles defender uma grande causa de justiça que ao mesmo tempo lhes proporciona vultosos lucros privados. Quando todos os interesses estiverem expostos publicamente e o debate se der com um mínimo de racionalidade ai ficara mais fácil para a população achar o certo e optar pelo que melhor lhe convier.
Até que isso ocorra não teremos senão uma batalha de marionetes, onde as mãos que controlam os bonecos e seus respectivos interesses permanecerão na penumbra.
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