Há dois dias, enquanto colhia depoimentos e fazia imagens de uma vila que nascera dentro do galpão de uma antiga fábrica, me peguei explicando para uma mãe aflita, como as reportagens eram feitas a partir de casos e problemas emblemáticos que envolvessem uma comunidade ou grupo maior. E como os problemas “particulares” ficavam de fora.
Naquele momento eu pensava pragmaticamente. “Se este problema atinge apenas a senhora e seus filhos, uma matéria de TV seria usar do pouco tempo que dispomos para ajudar a poucas pessoas. Normalmente procuramos problemas mais gerais para ajudar mais gente”, expliquei.
Claro que emocionalmente não sinto assim. Tanto que deixei meus contatos e pretendo ajudar, não como jornalista, mas como cidadão, aquela mulher que, sem casa para morar, sem documentos e já sem esperança procura um repórter ao invés do poder público.
Mas voltando às funções. Na prática, será que nós, comunicadores, fazemos isso mesmo? Guardamos nosso espaço e tempo na mídia para ajudar sempre a coletividade? Será que aproveitamos ao máximo nosso privilegiado lugar de visibilidade?
Outra situação conflituosa. No mesmo local citado acima, crianças brincam descalças e até nuas num local sujo e sem segurança. O que fazer? Registrar apenas? Conversar sobre o que acontece com os pais? Tomar providências para tirá-las de lá e talvez até de seus pais?
Nada do que apresento aqui é novo. Nem a situação penosa destas pessoas, nem os conflitos apresentados. Só o que posso garantir é que nem o tempo tem conseguido resolver estas questões.
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