Falsos índios promovem o terror no sul da Bahia

Um amigo jornalista teve o pai, produtor rural, agredido e ferido a bala na Bahia e escreveu um texto-protesto que eu reproduzo na íntegra abaixo:

Terra sem lei
Falsos índios atentam contra a vida e invadem terras impunemente na região cacaueira do sul da Bahia


A zona rural de Buerarema, pequena cidade encravada na região sul da Bahia foi palco de um atentado sangrento na última quarta-feira!! Munidos das mais vis das armas: ganância, oportunismo e chumbo, impostores, travestidos de índios, armaram uma emboscada contra pequenos produtores rurais da localidade.

O caso aconteceu na Fazenda Serra das Palmeiras, pertencente ao agricultor Manoel Dias. A propriedade rural, mesmo dispondo de um interdito proibitório, que a protege juridicamente contra invasões, foi tomada pelos supostos “índios” na semana anterior. Reconhecendo os direitos do proprietário a Polícia Federal foi ao local prender os invasores, que como sempre fugiram, mas após a saída dos agentes realizaram nova ocupação, desta feita de forma ainda mais virulenta, com depredação do patrimônio e saques, transferindo máquinas agrícolas e até eletrodomésticos da casa-sede para a moderna “aldeia”, nada mais do que um Quartel General dos vândalos, montado estrategicamente pela “nova tribo” no entorno das terras visadas. Nem mesmo as sete famílias de trabalhadores da localidade foram poupadas, tendo os próprios móveis roubados pelos agressores.

Menos de uma semana depois, na mesma propriedade, aconteceu o mais assombroso episódio, quando os posseiros revelaram todo o destemor e descaso com a justiça. Após 20 agentes da PF realizarem sem sucesso a segunda busca no local e posteriormente se retirarem, cerca de cento e cinquenta “índios” trocaram os tradicionais instrumentos de subsistência por pistolas, espingardas, metralhadoras, paus e ferros na tentativa de promover uma chacina contra o proprietário, trabalhadores e outros membros da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Ilhéus, Una e Buerarema, grupo formado por agricultores da região e que se articula juridicamente e através de mobilizações pela manutenção do direito adquirido a posse da terra.

Durante o massacre dos golpistas “indígenas” um trabalhador da propriedade rural foi baleado e permanece desaparecido, enquanto cerca de 10 pessoas entre produtores e trabalhadores foram feridas. Muitos tiveram que se submeter a intervenções cirúrgicas, enquanto alguns permanecem internados em estado grave com ferimentos a bala e marcas de espancamento a pau e pedra. Sob uma saraivada de tiros os sobreviventes fugiram em um caminhão, tendo ainda que superar as armadilhas deixadas pelos agressores como pneus furados, porteira fechada, troncos na estrada e até uma ponte derrubada. Eles só escaparam porque após o caminhão quebrar, conseguiram alcançar uma fazenda vizinha, onde foram abrigados até a achegada de reforço. O veículo utilizado na fuga foi completamente destruído e incendiado pelos vândalos (como mostra foto em anexo).

Infelizmente, afora este instinto sanguinário dos “pseudo-índios”, tais práticas criminosas são frutos do desmando financiado pelo próprio Estado de Direito, que rasga a Constituição e fere o direito inalienável a posse, estas mesmas adquiridas legalmente através de títulos de propriedade emitidos pela própria União!!

Uma aberrante demarcação de terras proposta pela Fundação Nacional do Índio prevê a reserva de nada menos que 47 mil hectares para 300 famílias indígenas, quando hoje, apenas as terras particulares inclusas no pacote, sustentam nada menos que 5 mil famílias de pequenos produtores rurais. A velha política de “descobrir uns pra cobrir outros”, aparece de forma mais abominável ainda neste caso, quando os protegidos nada mais são que trapaceiros.

Não estamos tratando de latifúndios, ou grileiros de terra, mas de agricultores, que já combalidos pela devastadora praga da vassoura de bruxa e conseqüente débâcle da lavoura cacaueira, passam agora a ter um projeto de vida ameaçado por aproveitadores, que agem impunemente, enquanto o Estado, que deveria conceder estabilidade e segurança jurídica aos proprietários, apenas assiste passivamente.

O processo de demarcação de terras ainda corre no âmbito administrativo do Governo Federal e, portanto os agricultores continuam possuindo plenos poderes sobre as terras. Mas, acreditando estarem respaldados por este aparente confisco institucionalizado os “novos índios” (pasmem, a maioria deles também produtores rurais) já invadiram e mantêm ocupação em 24 propriedades. Eles se aproveitam ainda de outra distorção legal, que garante a consideração de qualquer pessoa como índio, através de uma simples assunção como tal. Assim, camuflados, sob os direitos especiais da nova etnia, destilam suas arbitrariedades e sede de posses, passando por cima da lei e usurpando o que estiver pela frente.

Estes episódios só remontam a trágica história da colonização sul-baiana quando as mesmas torpes ambições legitimavam o roubo de terras através de tocaias e caxixes. Em seus férteis versos Jorge Amado definiu a civilização grapiúna (sua origem por sinal), como uma “terra adubada com sangue” e, infelizmente, o passado desumano e injusto volta a assombrar como um fantasma a Terra do Cacau. E o pior de tudo à involução se faz à luz da justiça e autoridades competentes.

Marcos Thomaz

Comentários