Esta noite quando eu deixava a redação presenciei, não posso dizer que fiz mais do que isso, apenas presenciei, uma situação que me deixou mal. Quando descia a rua do jornal de carro vi três homens em pé ao redor de uma menino sentado no chão. Eles estavam próximos à esquina que eu tinha que dobrar. Passei bem perto deles com o carro e reparei que o menino chorava.
Depois de ver isso, senti que precisava voltar, passar por lá outra vez. Não entendi a situação, mas me pareceu que os homens ameaçavam o menino. Dei a volta no quarteirão. Enquanto isso pensei em várias possibilidades, inclusive na de ser um atrativo para assaltar quem vai passando e para.
Quando ia passar por eles outra vez, já tinha escondido o telefone e me preparado para ser assaltado. Mas eu tinha que parar. Parei. Desci do carro logo que percebi que não havia agressividade contra o menino. A cena toda acontecia na frente do TRE de João Pessoa, mas como já eram quase 21h, a rua já estava deserta.
Fui até lá e perguntei o que estava acontecendo. O menino chorava mesmo, mas os homens pareciam querer ajudá-lo. Um deles me disse que o menino, que devia ter no máximo 11 anos, estava ali chorando porque não havia comida em casa e sua mãe estava desesperada. Ele queria uma cesta básica. Os homens, trabalhadores que voltavam para casa, já havia dado algum dinheiro a ele.
Eles me contaram que um outro cidadão viria trazer mais alguma coisa para o menino e apontaram para o TRE. Supostamente algum funcionário de lá. Todos empenhados em ajudar o necessitado. Mas eu, a única coisa que pensei foi: "esse menino está chorando a força para comover as pessoas. A mãe dele deve ter mandado ele para cá para isso". E perguntei: "você tem como voltar para casa? Quer que eu chame alguém do conselho tutelar?"
Apesar de ser uma pergunta cabível. Eu a fiz, sem querer, com tom ameaçador. Eu não estava comovido. Tratei a situação como um golpe. E depois que ele respondeu que sabia voltar para casa e que tinha dinheiro para isso, eu me virei e fui embora. Os demais ficaram com ele e davam dicas: "não fique aqui no meio da rua que podem tomar o dinheiro que você já conseguiu".
Eu entrei no carro e segui em frente. Só dois quarteirões abaixo é que saí do "modo de defesa" que havia entrado automaticamente e me dei conta de quão rude fora. Lembrei das palavras dos promotores da infância que dizem para nunca dar dinheiro para estas crianças, lembrei das matérias que já escrevi a respeito. Mas nada disso me pareceu certo.
E se eu pudesse realmente ter ajudado aquele menino? Será que se eu oferecesse ajuda, poderia realmente resolver os problemas dele? Quem garante que ele é mais um daqueles casos de crianças "adestradas" para sustentar pais exploradores? Como é que eu posso estar tão calejado ao ponto de um choro de criança não me tocar mais.
Afinal, por que eu dei a volta no quarteirão? Por que eu fui até lá? Será que foi apenas para me enganar achando que fiz a coisa certa em voltar? Será que foi para me sentir melhor? Se foi, por que me sinto tão mal agora?
Depois de ver isso, senti que precisava voltar, passar por lá outra vez. Não entendi a situação, mas me pareceu que os homens ameaçavam o menino. Dei a volta no quarteirão. Enquanto isso pensei em várias possibilidades, inclusive na de ser um atrativo para assaltar quem vai passando e para.
Quando ia passar por eles outra vez, já tinha escondido o telefone e me preparado para ser assaltado. Mas eu tinha que parar. Parei. Desci do carro logo que percebi que não havia agressividade contra o menino. A cena toda acontecia na frente do TRE de João Pessoa, mas como já eram quase 21h, a rua já estava deserta.
Fui até lá e perguntei o que estava acontecendo. O menino chorava mesmo, mas os homens pareciam querer ajudá-lo. Um deles me disse que o menino, que devia ter no máximo 11 anos, estava ali chorando porque não havia comida em casa e sua mãe estava desesperada. Ele queria uma cesta básica. Os homens, trabalhadores que voltavam para casa, já havia dado algum dinheiro a ele.
Eles me contaram que um outro cidadão viria trazer mais alguma coisa para o menino e apontaram para o TRE. Supostamente algum funcionário de lá. Todos empenhados em ajudar o necessitado. Mas eu, a única coisa que pensei foi: "esse menino está chorando a força para comover as pessoas. A mãe dele deve ter mandado ele para cá para isso". E perguntei: "você tem como voltar para casa? Quer que eu chame alguém do conselho tutelar?"
Apesar de ser uma pergunta cabível. Eu a fiz, sem querer, com tom ameaçador. Eu não estava comovido. Tratei a situação como um golpe. E depois que ele respondeu que sabia voltar para casa e que tinha dinheiro para isso, eu me virei e fui embora. Os demais ficaram com ele e davam dicas: "não fique aqui no meio da rua que podem tomar o dinheiro que você já conseguiu".
Eu entrei no carro e segui em frente. Só dois quarteirões abaixo é que saí do "modo de defesa" que havia entrado automaticamente e me dei conta de quão rude fora. Lembrei das palavras dos promotores da infância que dizem para nunca dar dinheiro para estas crianças, lembrei das matérias que já escrevi a respeito. Mas nada disso me pareceu certo.
E se eu pudesse realmente ter ajudado aquele menino? Será que se eu oferecesse ajuda, poderia realmente resolver os problemas dele? Quem garante que ele é mais um daqueles casos de crianças "adestradas" para sustentar pais exploradores? Como é que eu posso estar tão calejado ao ponto de um choro de criança não me tocar mais.
Afinal, por que eu dei a volta no quarteirão? Por que eu fui até lá? Será que foi apenas para me enganar achando que fiz a coisa certa em voltar? Será que foi para me sentir melhor? Se foi, por que me sinto tão mal agora?
Até eu que não vi parei pra pensar na história.
ResponderExcluirAqui em Campos (RJ) e até mesmo na cidade do Rio de Janeiro, também topo todos os dias com muitas crianças pedintes. Aconselhado por pessoas que trabalham na área social, também nunca dou esmolas.
ResponderExcluirO problema, nesses casos é muito mais complexo e, por vezes, está fora do nosso alcance. Lembro de uma vez que uma amiga da minha mãe ofereceu emprego a uma mulher pedinte na rua, de maneira séria e foi xingada por ela até a quinta geração.