Herói na estrada

O jornalismo é interessante. Quando alguém morre logo vira notícia. E quanto mais violenta for a morte, mais tempo fica na mídia e mais tempo o público procura por informações e e se mantêm fiel às "novidades do caso". Não há mais como saber se a mídia se viciou no "ibope" que notícias como esta traz, ou se foi o público que se viciou em receber notícias assim. O que há de certo, é que a morte sempre rende mais tempo nos noticiários.

Digo isso porque esta semana uma notícia de apreensão, medo e até perigo, mas não de morte, foi notícia. Mas foi notícia no dia e ponto. Eu gostaria de invocá-la para tratar sobre ela aqui. Dias depois. Trata-se do nascimento do pequeno Daniel, que nasceu no meio da estrada por falta de um médico que estivesse disposto a se arriscar e tentar fazer seu parto na cidade onde sua mãe mora e resolveu enviá-los para outra cidade em pleno trabalho de parto.

É o retrato da Saúde em nosso Estado e certamente também de nosso país. Hospitais mal aparelhados, sem médicos qualificados ou preparados e com estruturadeficiente . Um país onde as pessoas preferem não se arriscar. Preferem fazer suas obrigações e nada mais que isso. Pelo menos essa é a regra. É a regra que faz com que, por exemplo, a gente veja absurdos acontecendo todos os dias pela TV ou mesmo pela janela do carro e prefira não se envolver. "Não é minha obrigação".

Médico que resolvem não fazer um parto por achar que é de alto risco e não ter a estrutura certa para resolver o problema é situação corriqueira nas pequenas cidades da Paraíba. Tão corriqueira que, por duas vezes, um policial, não médico nem enfermeiro, resolveu (poderia dizer que precisou, mas ele podia ter se omitido), deixar suas funções de proteger e vigiar para fazer um parto que um médico, supostamente melhor preparado, não quis.

Quis o destino, Deus, ou o acaso, que o mesmo agente estivesse de plantão no dia em que alguém resolveu enviar uma mãe em trabalho de parto para a estrada. Não sei se os médicos perderam o "timing", mas sei que mandar uma mulher que já iniciou o trabalho de parto numa viagem, muitas vezes em estrada esburacada, para ser atendido em outra cidade e sem um médico acompanhando, é no mínimo irresponsável.

Enfim, este texto é para fazer render um pouco mais as poucas boas ações que nós temos no nosso noticiário e para parabenizar o agente Daniel Pereira da Polícia Rodoviária Federal que, por duas vezes, uma em 2006 e a outra esta semana, ajudou mães que foram desamparadas por seus médicos e tirou de uma situação em que o parto já era de risco piorada pelas condições de acontecer num banco de carro e sem estrutura médica um dia feliz e de nascimento.Fez isso sem querer nada em troca, mas ganhou a gratidão como pagamento. E o reconhecimento desde blogueiro.

Comentários

  1. "Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.." ( tio do Peter Parker )...ehehehehe
    Lembrei-me desse trecho apenas para salientar a proporção do responsabilidade do policial rodoviário federal, muitas vezes tendo esta imagem manchada por notícias tão negativas. Parabéns ao policial Daniel e uma bela "vaia" ao descaso com a população, não só carente, mas em geral.

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  2. Quando li a notícia no jornal eu fiquei emocionado pela sensibilidade e atitude do cara, que poderia como os médicos envolvidos no caso, ter passado o 'problema' para adiante.São essas pessoas que fazem o mundo bem diferente e melhor. Doam de si um pouco pra cuidar dos outros e/ou apenas fazer o bem.

    Bom demais o post. abção

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