Em novembro de 2019 o palestino sociólogo e cientista político Baha Hilo esteve na Paraíba. A estadia teve o objetivo de expor aos paraibanos o regime de apartheid imposto pelas forças sionistas do Estado de Israel ao povo palestino. O ativista deu duas palestras na UFPB, quando cerca de 250 pessoas se dividiram para assisti-lo.
Além disso, o visitante cumpriu atividades fechadas ao público em espaços que simbolizam e dialogam muito com as lutas encampadas na Palestina. Na Capital, por exemplo, a ida na comunidade do Porto do Capim, berço da cidade de João Pessoa, Baha Hilo pôde testemunhar a força de uma comunidade para manter seu território diante das constantes ameaças da especulação imobiliária e do poder público municipal. O local abriga, há cinco gerações, remanescentes quilombolas e indígenas, e ainda os ribeirinhos.
Em Sapé, o cientista político conheceu o Memorial das Ligas Camponesas (organização que antecedeu o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e a própria Pastoral da Terra). No local, Baha trocou experiências com os trabalhadores rurais.
A Casa Pequeno Davi, situada no bairro do Roger, também recebeu o palestino. Ele interagiu com as crianças e teve uma reunião com o setor pedagógico para conhecer a realidade de vulnerabilidade social dos pequenos atendidos pela instituição.
Os três lugares são espaços de resistência, onde, cada um à sua maneira trava batalhas em prol de um objetivo caro à existência humana. São valores que se conectam ao pertencimento, à identidade e à formação digna de seres humanos.
Toda essa resistência faz parte do duro cotidiano na Palestina, sinal de que as lutas desse povo e do povo brasileiro estão intensamente conectadas. Especialmente diante da atual conjuntura política, na qual tanto local como nacionalmente, governos brasileiros têm profundas relações militares e de segurança com o regime israelense de ocupação na Palestina.
Atualmente, chegamos a importar tecnologias e treinamentos “testados em campo” sobre os corpos palestinos, para reprimir movimentos sociais brasileiros e matar a população indígena, negra e pobre, para se ter ideia.
Um grupo de ativistas brasileiros que esteve na Palestina no início do ano voltou a se reunir e convidou o palestino para vir ao Brasil e ampliar o alcance de seu discurso. Uma campanha de financiamento coletivo foi iniciada e Baha chegou ao Brasil no início do mês. Ele já esteve em Recife antes de João Pessoa e daqui partiu para Aracaju. Ainda segue para palestras em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Quem é:
Baha é um graduado da Universidade Birzeit em Birzeit, onde obteve seu bacharelado em Sociologia. Ele trabalhou para a Agência de Obras e Recursos das Nações Unidas na Cisjordânia, como Coordenador do Conselho Nacional das ACMs no Sri Lanka, e trabalhou com jovens como conselheiro do acampamento na Associação da Baía de Prata em Nova Iorque.
Ele serviu por seis anos como Oficial de Campanhas da Iniciativa Conjunta de Advocacia da YMCA de Jerusalém Oriental e da YWCA da Palestina. Lá, ele supervisionou a Campanha da Oliveira, que permite que visitantes internacionais façam parcerias com fazendeiros palestinos cuja terra e meios de subsistência estão sob ameaça direta da ocupação israelense.
A Campanha educa os visitantes sobre as realidades da vida na Palestina Ocupada, ajuda os agricultores a colher suas azeitonas, e também planta ou replanta terras onde as oliveiras foram destruídas e desenraizadas por colonos ou militares israelenses.
*Texto da jornalista Giselle Ponciano
(Trecho publicado pelo jornal A União em 17/11/2019)
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